quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O RACISMO NA ERA DA INTERNET


A web confere uma falsa sensação de anonimato e torna-se um instrumento para manifestação de preconceitos contra nordestinos. Presidente da OAB-PE garante ação contra agressores
“É tudo culpa dos nordestinos….. seca eterna para vocês!!!! Dilma presidente Parabéns povo burro!!” Esta frase foi postada na rede de microblogs Twitter na segunda-feira 1º, dia seguinte a vitória de Dilma Rousseff na disputa pela presidência da República. Longe de ser um caso isolado, surgiram na rede social diversas manifestações de preconceito que atribuíam a eleição da candidata do PT à larga vantagem obtida nos estados do Norte e Nordeste.
A coordenadora do Núcleo de Combate a Discriminação da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Maíra Coraci Diniz, lembra os autores dos posts no Twitter podem ser enquadrados na Lei 7.716, que trata dos crimes de preconceito contra raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. “O problema é que o anonimato na internet dificulta, porque tem que pedir a quebra do sigilo para o site de relacionamento”, explica. Segundo ela, as pessoas divulgam mensagens discriminatórias por acharem que, na rede, estarão livres de qualquer consequencia.
Apesar de não haver lei contra o racismo que foque a internet, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco, Henrique Mariano, destaca que a jurisprudência considera as redes sociais meios de comunicação e, por isso, as enquadra na Lei 7.716. “Tomamos o preconceito pela internet como igual a quem assina artigos racistas numa revista, por exemplo. Com o agravante de o Twitter ter um poder de disseminação muito maior”, destaca o presidente. Mariano afirma que a OAB-PE entrará, na quinta-feira 4, com uma queixa-crime contra a estudante de Direito Mayara Petruso, uma das autoras das mensagens. “Isso não impede que, na medida em que mais usuários forem identificados, ações contra outras pessoas sejam movidas”, destaca Mariano.
Não é a primeira vez que as redes sociais são usadas para manifestações preconceituosas. Durante as enchentes que assolaram os estados da região, neste ano, uma comunidade no Orkut foi criada com o nome Odeio Nordestino. Os integrantes lamentavam que, com o desastre natural, mais famílias do Nordeste migrariam para os estados do Sul-Sudeste.
Também da internet veio a reação de repúdio as mensagens. Um site chamado Xenofobia Não foi criado e tenta reunir o maior número possível de manifestações preconceituosas. Além do mais, na segunda-feira 1º, a tag #orgulhodesernordestino, campanha criada por tuiteiros contra a discriminação, foi a primeira nos Trending Topics Brasil e uma das mais comentadas no mundo.
Falácia
Além de revelar um profundo sentimento de discriminação, os comentários que circularam na internet após as eleições se baseiam em uma afirmação falsa. Dilma Rousseff venceria mesmo se só fossem computados os votos das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Seriam 33,2 milhões de votos para a petista contra 32,9 milhões para José Serra (PSDB).
Sobre a questão do preconceito contra os eleitores do Nordeste, é imprescindível a leitura do texto da professora Tânia Bacelar Araújo, publicada aqui depois do 1º turno das eleições. 

sábado, 30 de outubro de 2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

DISCUSSÃO JURÍDICA DA RELAÇÃO

Desajeitado, o magistrado Dr. Juílson tentava equilibrar em suas as mãos, a cuia, a térmica, um pacotinho de biscoitos, e uma pasta de documentos.

Com toda esta tralha, dirigir-se-ia para seu gabinete, mas ao dar meia volta deparou-se com sua esposa, a advogada Dra. Themis, que já o observava há sabe-se lá quantos minutos. O susto foi tal que cuia, erva e documentos foram ao chão. O juiz franziu o cenho e estava pronto para praguejar, quando observou que a testa da mulher era ainda mais franzida que a sua.

Por se tratarem de dois juristas experientes, não é estranho que o diálogo litigioso que se instaurava obedecesse aos mais altos padrões de erudição processual.

- Juílson! Eu não agüento mais essa sua inércia. Eu estou carente, carente de ação, entende?

- Carente de ação? Ora, você sabe muito bem que, para sair da inércia, o Juízo precisa ser provocado e você não me provoca, há anos. Já eu dificilmente inicio um processo sem que haja contestação.

- Claro, você preferia que o processo corresse à revelia. Mas não adianta, tem que haver o exame das preliminares, antes de entrar no mérito. E mais, com você o rito é sempre sumaríssimo, isso quando a lide não fica pendente... Daí é que a execução fica frustrada.

- Calma aí, agora você está apelando. Eu já disse que não quero acordar o apenso, no quarto ao lado. Já é muito difícil colocá-lo para dormir. Quanto ao rito sumaríssimo, é que eu prezo a economia processual e detesto a morosidade. Além disso, às vezes até uma cautelar pode ser satisfativa.

- Sim, mas pra isso é preciso que se usem alguns recursos especiais. Teus recursos são sempre desertos, por absoluta ausência de preparo.

- Ah, mas quando eu tento manejar o recurso extraordinário você sempre nega seguimento. Fala dos meus recursos, mas impugna todas as minhas tentativas de inovação processual. Isso quando não embarga a execução.

Mas existia um fundo de verdade nos argumentos da Dra. Themis. E o Dr. Juílson só se recusava a aceitar a culpa exclusiva pela crise do relacionamento. Por isso, complementou:

- Acho que o pedido procede, em parte, pois pelo que vejo existem culpas concorrentes. Já que ambos somos sucumbentes vamos nos dar por reciprocamente quitados e compor amigavelmente o litígio.

- Não posso. Agora existem terceiros interessados. E já houve a preclusão consumativa.

- Meu Deus! Mas de minha parte não havia sequer suspeição!

- Sim. Há muito que sua cognição não é exauriente. Aliás, nossa relação está extinta. Só vim pegar o apenso em carga e fazer remessa para a casa da minha mãe.

E ao ver a mulher bater a porta atrás de si, Dr. Juílson fica tentando compreender tudo o que havia acontecido. Após deliberar por alguns minutos, chegou a uma triste conclusão:
 
 
 - E eu é que vou ter que pagar as custas...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

STF MANTÉM "LEI DA FICHA LIMPA"

Após seis horas de discussão e diante de um novo impasse, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quarta-feira (27) que o empate sobre a validade da Lei da Ficha Limpa deve ser interpretado em favor da decisão questionada. Continua valendo, desse modo, o entendimento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que aplicou a norma para as eleições 2010.
Todos os ministros mantiveram os votos, e a análise sobre a aplicação da lei terminou novamente com um placar de 5 votos a 5. O plenário julgou recurso do candidato ao Senado Jader Barbalho (PMDB-PA), que foi definitivamente barrado por ter renunciado ao mandato em 2001.
Em debate acalorado, os ministros rejeitaram desempatar a questão com voto de qualidade do presidente da Corte, Cezar Peluso, ou esperar até que um novo ministro fosse nomeado para a vaga do aposentado Eros Grau.
“O voto de qualidade pode ser inconveniente, mas não há nenhuma base para declará-lo inconstitucional”, defendeu Gilmar Mendes, que ironizou a discussão. “Daqui a pouco par ou ímpar, jogar dado, chamar um mago.”
“Para mim processo não tem capa, tem conteúdo. Não haverá decisão no caso concreto”, completou Marco Aurélio. Segundo ele, é como se o STF não tivesse recebido o recurso. “Que o Supremo não lave as mãos, que não deixe de se pronunciar.”
“Tenho para mim que qualquer que seja a alternativa adotada, é sempre uma solução ficta”, disse Cezar Peluso. “Eu disse que era uma solução artificial, e de fato o é. (...) Me parece que o prestígio da Corte está sendo posto em xeque. (...) A história nos julgará."

sábado, 23 de outubro de 2010

ATAQUE TERRORISTA

    

        Agressões de quaisquer formas (física, moral, etc) devem ser repudiadas, independente da intensidade empregada. No entanto, o cinismo e a canastrice também são dignos de nosso maior desprezo. 

No dia 20/10/2010, o candidato a presidência pelo PSDB, José Serra, teria sido agredido por militantes do PT em meio a um conflito entre estes e os  colegionários de seu partido no Rio de Janeiro, mas imagens de algumas redes de televisão demonstraram que Serra teria sido na verdade atingido na cabeça por uma bolinha de papel (isto mesmo, bolinha de papel!) e por um rolo de  fita adesiva (isto mesmo, rolinho de fita adesiva!), como dito anteriormente, nenhuma forma de agressão deve ser tolerada, não é o caso ! entretanto, a encenação efetuada pelo candidato Serra foi constrangedora, faltou somente um desmaio para fechar o “pastelão” com chaves de ouro.
            O pior de tudo isto ainda estava por vir, no dia seguinte o Jornal Nacional - da nada parcial Rede Globo - apresentava imagens dos inusitados “ataques terroristas” efetuados pelos partidários da perigosa Dilma e, pasmem, entrevistaram até um perito criminal pra comprovar que o candidato Serra teria mesmo sofrido um dodói com o impacto do poderoso e vitaminado rolinho de fita adesiva, algo que beirou o ridículo.
             Agora estamos vendo quem são os verdadeiros terroristas. Se o Serra for tão canastrão em um eventual governo quanto foi no fatídico episódio estamos perdidos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

SOBRE OS MINEIROS CHILENOS

por Kelly de Souza

Um a um os mineiros foram saindo. Homem a homem, passo a passo os “enterrados” iam sendo içados das catacumbas, deixando o inferno de San José. Encontravam as famílias, os amigos, abraçavam os heróis de cima que tiravam os de baixo, saiam tensos, filmados pelas câmeras do mundo todo. Eram cenas de um dos momentos mais marcantes desse jovem século XXI. Não cenas de pavor, como foram as registradas em 11 de setembro, mas de esperança, de firmeza, de calor humano.
Saltava aos olhos de todos que os mineiros subiam barbeados, com roupas limpas, cabelos penteados, com lustro de higiene. Algumas pessoas estranharam, outros disseram que a exposição à TV envaideceu os soterrados.
Não acredito nisso. Estou mais propensa a pensar que enquanto se entediavam nos baixios da terra, talvez com um fiapo de luz, talvez uma vela, em grupo, ou sozinhos, eles liam Freud. Isso mesmo, largados sobre o chão talvez tenham lido O Futuro de uma Ilusão ou Mal-Estar na Civilização, obras onde o psicanalista austríaco revela seus conceitos sobre “sublimação”. Talvez tenham percebido que Freud, de maneira impecável, concilia com essa palavra as necessidades do “ego” (“o que eu quero para mim”) com as do “superego” (“o que o mundo externo quer de mim”). Quem sabe  leram e gostaram.
Quem sabe não perceberam que quando se preparam para se expor, quando se banham, se arrumam e se lustram, eles estão agradando mais a eles mesmos (ego) do que aos outros (superego). Talvez tenham percebido que a rotina do asseamento faz parte da beleza da vida. Como escreveu o próprio Freud: “o ego adora a rotina”. Certamente que o “ego quer prazer”, leram eles lá embaixo. Mas leram também que o ego é suficientemente “doentio” para não levá-los a higiene ou ao encantamento só para aumentar o prazer, mas principalmente para reduzir o desprazer, que o psicanalista austríaco definiu como algo que tira o ego do normal, que abala o seu equilíbrio. 
O banho, a barba feita, a roupa limpa, o cabelo assentado, mais do que qualquer coisa purificam a alma. Um dos mais antigos poemas de língua inglesa (anônimo) chama-se “Limpeza”, e ele promove a exata conexão entre a pureza física e a espiritual. Estar limpo é mais do que desejável, necessário ou ritualístico, é essencial, fundamental, vital. Sempre parece que não estamos prontos quando estamos sujos ou mal-arrumados. Precisamos disso. O poeta francês Francis Ponge escreveu uma obra intitulada Soap (sabão), uma elegia a limpeza: “O exercício de ensaboar o deixará mais limpo, mais puro e com um cheiro mais doce que antes… muda-lo-á para melhor, requalificando-o”. Para Ponge, a limpeza ajuda a criar um novo começo, nos instiga a buscar nossas aspirações, parece que temos de “limpar o que aconteceu antes, como se um ato de destruição sempre tivesse que preceder um ato de criação”.
Aprontar-se, enfim, significa limpar a mente, eliminar o passado maculado, reduzindo os preconceitos para seguir em frente. Os mineiros subiram para um mundo de incertezas, de medos, repleto de aflições e dúvidas. Quando sobem barbeados e limpos, talvez estejam mais prontos para enfrentar a luta, talvez tenham subido renovados, renascidos, ressuscitados… Não importa que não leram Freud, foram salvos, foram dignos, ficaram eternos.

Créditos: http://cultura.updateordie.com/2010/10/14/freud-e-os-mineiros-do-chile/

terça-feira, 19 de outubro de 2010

BISPO FINANCIA PANFLETOS ANTI-DILMA


Esta na hora de ensinar pras carolas que o Estado é laico.
Além de Imoral, é também ilegal que igrejas isentas de impostos, usem o dinheiro que recebem dos fiéis, para apoiar candidatos, quando deveriam usar este dinheiro para obras sociais. 
A Igreja tem a obrigação de se preocupar mais com os pobres em vez de se meter em política, apoiando candidatos comprometidos com os ricos.
É vergonhoso o nível de degradação que chegaram.
Agindo como partidos políticos, devem perder a isenção de impostos, as concessões de TV e ser processada por crime eleitoral. 

A propósito, o que eles dizem sobre os casos de pedofilia?


 A notícia:

PF apreende panfletos anti-Dilma encomendados por diocese de Guarulhos

A Polícia Federal apreendeu neste domingo cerca de 1 milhão de panfletos assinados por um braço da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) recomendando voto contra a presidenciável Dilma Rousseff (PT) por conta da questão do aborto.
A apreensão em uma gráfica no bairro do Cambuci, região sudeste da capital paulista, foi determinada pelo ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Henrique Neves a pedido do PT. O processo corre em segredo de justiça.
Os panfletos foram encomendados pela Mitra Diocesana de Guarulhos. Kelmon Luís Souza, católico ortodoxo, disse ontem que encomendou, desde setembro, 20 milhões de panfletos em gráficas de São Paulo a pedido da diocese.
Parte dos panfletos, que reproduz um "apelo a brasileiros e brasileiras" para que os eleitores não votem em quem é a favor da descriminalização do aborto, é assinado pela Regional Sul I da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), responsável pelo Estado de SP.
Os papéis foram distribuídos no dia 12 de outubro, em missas em Aparecida (SP) e Contagem (MG). Em julho, o bispo de Guarulhos, d. Luiz Gonzaga Bergonzini, foi pivô de uma polêmica mobilização contra a petista.
A gráfica com 1 milhão de panfletos foi descoberta ontem pelo PT de São Paulo. De acordo com o contador da gráfica Paulo Ogawa, foram encomendados 2,1 milhões de panfletos nos dois turnos das eleições.
A PF informou que foi feito um relatório sobre a apreensão, que será enviado ao ministro.
Regional Sul I
Em nota, os bispos do Regional Sul I afirmaram que não patrocinam a impressão de panfletos contra e a favor de candidatos.
Os bispos afirmam que não indicam ou vetam candidaturas.
Segundo a nota, assinada pelo presidente da regional, d. Nelson Westrupp, a entidade "recomenda, enfim, a análise serena e objetiva das propostas de partidos e candidatos, para que as eleições consolidem o processo democrático, o pleno respeito aos direitos humanos, a justiça social, a solidariedade e a paz entre todos os brasileiros."

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/poder/815935-pf-apreende-panfletos-anti-dilma-encomendados-por-diocese-de-guarulhos.shtml

domingo, 17 de outubro de 2010

BELA VISTA DO PARAÍSO, 63 ANOS


Ontem, dia 16/10, Bela Vista do Paraíso-PR completou 63 anos de emancipação política. Pois então, 63 anos...
A pergunta é: até que ponto a passividade do belavistense colabora para a situação de estagnação de nosso município?
Infelizmente, enquanto alguns continuarem pagando para “ver o chão tremer” e comemorar que 2 mil pessoas compareceram a um rodeio e não reagirem a inércia política, cultural, social e econômica da cidade, tudo tende, efetivamente, a piorar.
Onde está a valorização dos profissionais da educação e da saúde do município? Quais são os eventos realmente culturais que temos por aqui? Quando vão reparar a cobertura do Teatro Municipal?  E os jovens que partem na calada da madrugada para trabalhar na tal da "Big Frango" e na "Dedic", num método “tempos modernos” de trabalho? Quem está triste porque não conseguiu trocar sua nova caminhonete gabine dupla por uma nova caminhonete gabine dupla?
Respondam, “SEM RODEIOS”!

SERRA É LIXO



Por André Guimarães (Blog Ideia Certa)

O tucano Jose Serra, candidato a Presidente do Brasil, jogou toda sua história no lixo.
Na época da ditadura enquanto milhares de jovens lutavam pela liberdade, José Serra foi se exilar no Chile. Dilma, ao contrário, ficou e lutou. Foi presa, sofreu ameaças, dores, torturas e demais atrocidades no cárcere.

Já Serra sofria estava no exterior, diz ele, de saudade. Ainda assim, compactuou com uma atrocidade. Sua esposa, grávida, por dificuldades financeiras, decidiu fazer um aborto, como relata uma ex-aluna sua. Hoje ela acusa Dilma de matar crianças. Mas não foi Mônica quem cometeu este ato, segundo dizem os jornais?

O que eu não consigo entender é como Serra, que também lutou contra a ditadura, tem a coragem de dizer que a Dilma é terrorista e como ele teve a coragem e a desumanidade de trazer ao debate político temas como o aborto, sendo que ele mesmo foi cúmplice de um. Sua história está realmente indo para o lixo.

sábado, 1 de maio de 2010

PULSEIRAS DO SEXO: BRINCADEIRA OU CRIME HEDIONDO?




O jogo sexual da moda se chama "Snap". Veio da Inglaterra. Entre adultos (que atuam com consciência, vontade e liberdade) pode até ser divertido. Quando envolve menor de 14 anos entra em campo o Direito penal (foi isso que ocorreu em Londrina), porque no Brasil está proibido qualquer tipo de sexo com pessoas menores de catorze anos.
A cor de cada pulseira (de silicone) determina o ato libidinoso (o ato sexual) que vai ser praticado. Tudo depende de qual pulseira você consegue arrancar da parceira do jogo.
As cores e os seus significados são os seguintes: amarela: abraço; rosa: mostrar o peito; laranja: dentadinha de amor; roxa: beijo com a língua; vermelha: dança erótica; verde: sexo oral praticado pelo rapaz; branca: a menina escolhe o ato; azul: menina faz sexo oral; preta: sexo com quem arrebatou a pulseira; dourada: tudo é possível (Fonte: Vitor Ferri – Rede Gazeta).
O "jogo do amor" (melhor seria dizer "o jogo da libido") não pode passar de uma brincadeira, entre adultos, livres e conscientes. Cuidado (ligue seu sinal amarelo): está proibido o envolvimento de menor de catorze anos assim como a violência ou a grave ameaça. O jogo foi inventado (aparentemente) pelo sexo masculino. Mas note-se que as pulseiras devem ser usadas pelas "meninas". O jogo existe para satisfazer, em princípio, a libido de ambos. Mas por detrás dele, em razão do arrebatamento da pulseira, pode haver um misto de fraude ou de violência e é isso que deve ser evitado (para não se chegar em problemas penais).
A brincadeira entre adultos faz parte do mundo divertido do sexo. Ocorre que, em Londrina, o jogo envolveu uma garota de 13 anos e isso significa ato sexual com pessoa vulnerável (que é crime hediondo). A Justiça de Londrina proibiu o uso e a venda das pulseiras, para menores, na localidade. A notícia chama a atenção e remete à reflexão conjunta com outra medida que vem sendo constantemente adotada por juízos de primeira instância: o toque de recolher.
Ao meu ver, ambas as medidas (a proibição do uso e da venda das pulseiras do sexo quando se trata de menores e a imposição de que eles estejam acompanhados dos seus responsáveis após determinado horário em lugares públicos), desde que bem delimitadas e bem definidas (sem que haja excesso ou abuso), são compatíveis com o sistema de medidas protetivas que integram a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, previstas pelo ECA. Essas medidas podem concretamente diminuir os alarmantes índices de envolvimento de menores na prática de infrações penais no país.
O CNJ, após várias manifestações, em novembro do ano passado, decidiu não tomar conhecimento das portarias emitidas pelos juízes que limitavam o horário de crianças e adolescentes na rua. De acordo com o ministro Ives Gandra Martins Filho não cabe ao CNJ atuar diretamente na matéria, mas apenas estabelecer parâmetros gerais que sirvam para que cada Tribunal de Justiça verifique se o juiz está resolvendo um problema específico. Na oportunidade, o mesmo Ministro ressaltou que a medida é salutar, mas que dependia da colaboração de todos para seu efetivo sucesso.
Assim também penso em relação ao uso das "pulseiras do sexo". A sexualidade é tema multidisciplinar, mas o Estado não deixou de impor certos parâmetros, tais como a delimitação da idade de 14 anos para fixar a vulnerabilidade sexual de uma pessoa. A lei 12.015/09 incluiu no Código Penal o artigo 217-A, que prevê o estupro de vulnerável (ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor de 14 anos).
Da mesma forma como o toque de recolher, a despeito de ser medida salutar, depende da colaboração popular. A conscientização dos menores quanto ao uso das pulseiras também deve ser objeto de condutas e iniciativas articuladas da sociedade, tendo em vista que elas sugerem a adesão a um jogo de cunho sexual e muitos jovens não estão suficientemente preparados para discernir o risco que uma brincadeira dessas pode implicar. Tanto assim que no episódio ocorrido em Londrina constatou-se a prática de crime hediondo (ato sexual com pessoa vulnerável) envolvendo vários rapazes (alguns menores de idade).
Conclusão: o que aparentemente é um "jogo divertido" pode se transformar em delito classificado como hediondo (estupro ou ato sexual com pessoa vulnerável). Da diversão para a cadeia estamos a um passo. E é bom recordar que na cadeia os que (fora) arrebatam pulseiras passam a ser os usuários delas. No mundo desumano e cruel dos presídios, de outro lado, só vale a cor dourada (tudo é imposto). Disso tudo é que todos devem ter consciência. Evitando-se todas as implicações penais acima recordadas, escolha a sua cor predileta e avante!

terça-feira, 27 de abril de 2010

domingo, 25 de abril de 2010

"VEJA" MUDA DE POSIÇÃO? AÍ TEM...

 No editorial da última edição (21.04.10), a publicação semanal da Editora Abril, porta-voz da direita mais raivosa, elogia o governo e deixa claro que tanto faz Dilma ou Serra na presidência






A capa da revista é a cara do José Serra, recém lançado candidato do PSDB, DEM e PPS para a Presidência da República. Mas o editorial da revista faz questão de explicar que, da mesma forma, quando o Congresso Nacional do PT sacramentou Dilma Rousseff como candidata, a Veja a colocou na capa e fez matéria com ela.
A tentativa de demonstrar uma “cobertura equilibrada” para os dois candidatos (Dilma e Serra) causa, evidentemente, algum estranhamento. Não tem sido do feitio da publicação enfatizar ponderação sobre os assuntos pautados. Menos ainda dar satisfação aos seus leitores de que procura agir sem partidarismos.
Ao contrário, quem acompanha a revista, mesmo superficialmente, sabe que há anos se tornou porta-voz do que há de mais atrasado, reacionário e truculento na política brasileira. Jogou no lixo os postulados mínimos do próprio jornalismo liberal e comercial, e adotou o formato de panfleto editorializado para atacar movimentos sociais populares, partidos de esquerda, personalidades, lideranças políticas e propostas do campo democrático e progressista.
No editorial desta semana, no entanto, a revista adota uma nova postura em relação ao governo, à candidata do PT e ao processo eleitoral. Já se sabia que a revista – por sua posição histórica e afinação com a grande mídia corporativa – apoiaria o candidato do PSDB-DEM-PPS de qualquer maneira. O que é novidade é colocar a candidata Dilma no mesmo nível de igualdade e tratamento. Junto com o editorial, a foto mostra Serra e Dilma juntos, abraçados e sorridentes. Abaixo, a seguinte legenda: “Um deles vai ser presidente em 2011, herdando um Brasil democrático e de economia exuberante”. No final, o editorial conclui: “Dilma ou Serra, como se vê, terá a partir de 2011 doses igualmente inebriantes de oportunidades e desafios”. 
Essa mudança na linha política da revista tem relevância no cenário eleitoral e precisa ser analisada e entendida. Alguns podem interpretar que a Veja se rendeu ao reconhecimento de que mais de 70% da população aprovam o governo Lula. Outros podem interpretar que a Veja decidiu retomar o caminho do jornalismo ético – perdido em algum momento de sua história. É possível interpretar também que a Veja, que faz parte de uma empresa que se articula e é sustentada por outras empresas, segue orientação de setores do capital, para os quais Dilma e lulismo não representam qualquer ameaça e temor.
Assim, pode-se conjecturar que a direita ideológica, que faz a disputa política com base na visão de mundo, se rendeu à direita econômica, constituída pelo empresariado que tem posição muito pragmática sobre os governos petistas. Esse empresariado, diferentemente dos cães de guarda que povoam a mídia do sistema, sabe que o governo da Dilma, a exemplo do governo Lula, não vai regatear no atendimento das demandas concretas das elites econômicas.

Tudo indica que a Veja incorporou o discurso dos marqueteiros de Serra sobre o pós-Lula. Afinal, o que é o pós-Lula? Só pode ser, na visão da direita, a síntese dos oito anos de FHC e dos oito anos de Lula, a consolidação do modelo econômico (neoliberal com forte estímulo do Estado e compensações sociais) que tem proporcionado a “exuberância” do capital. O pós-Lula, segundo a Veja, pode ser tocado por Dilma ou Serra, tanto faz – desde, é claro, que os setores e as propostas da esquerda sejam devidamente combatidos e isolados.


Tanto é verdade, que na própria edição de aceitação da Dilma, em outra matéria, a revista bate pesado no assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, considerado (na boca de uma fonte) representante da “extrema esquerda do PT”.




A se confirmar, na prática, a nova postura da Veja, é possível prever alguns desdobramentos: parte do lulismo vai comemorar esse reforço da direita na campanha eleitoral e provavelmente vai reduzir a artilharia contra a revista e a mídia monopolista; as correntes de esquerda e os movimentos sociais combativos devem ser mais bombardeados do que já são e correm o risco de maior isolamento, perda de apoio e de solidariedade.
Finalmente, duas indagações cruciais: Até que ponto essa nova postura da Veja enfraquece a campanha de Serra e fortalece a campanha de Dilma? Vai ter alguma influência no futuro governo?